“Os artesãos ficam à margem das grandes redes de varejo, motivo pelo qual os empreendedores do segmento procuraram formas alternativas de vendas”
Com modalidades que vão de crochê à pintura, o mercado de artesanato movimenta cerca de 50 bilhões por ano no país, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2019. Segundo o estudo, o setor envolve 8,5 milhões de pessoas e representa cerca de 3% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional. A relevância de tal segmento da economia para a sociedade foi evidenciada em um evento realizado entre os dias 27 e 31 de outubro, em Brasília: a 14ª Edição do Salão do Artesanato reuniu obras de 500 artesãos de todo país.
Uma pesquisa do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) em parceria com a FGV (Fundação Getúlio Vargas) demonstra que, ao contrário de outros setores, o artesanato soube reagir à crise de Covid-19. Durante a pandemia, os empresários da modalidade foram os que mais usaram o WhatsApp como ferramenta de venda (92%), entre todos os segmentos da economia.
Os indicativos apontam que os pequenos negócios do ramo ocupam a segunda posição com o lançamento de novos produtos ou serviços e com o uso de meios digitais (aplicativos, web e redes sociais) para buscar vendas. Segundo o estudo realizado em novembro de 2020, 83% dos entrevistados já utilizavam as ferramentas digitais, logo atrás dos negócios de moda (84%).
Ana Sato, da UniDoll, loja on-line de bonecas ultrarrealistas (os chamados “bebês reborn”), acredita que os pequenos, médios e grandes empresários do setor estão na vanguarda das vendas digitais.
“Muitas vezes, os artesãos ficaram à margem das grandes redes de varejo, motivo pelo qual os empreendedores do segmento sempre procuraram formas alternativas de anunciar e vender seus produtos. Assim, as medidas de quarentena e isolamento social não representaram um forte impacto para o setor”, explica.
Consumidor de artesanato busca personalização
Na visão de Sato, o caráter artesanal de um brinquedo pode agregar um valor intangível ao produto, não verificado em objetos que têm produção industrial. Para ela, a inclusão do trabalho manual e artesanal no processo de confecção incorpora muito mais à peça por conta da exclusividade e escassez dos recursos.
A título de exemplo, ela destaca que um bebê reborn é um boneco artesanal criado por um artista para se parecer com um bebê humano, com o máximo de realismo possível. Segundo a especialista, a técnica surgiu na Europa, na Segunda Guerra Mundial, com a escassez de suprimentos e a necessidade de reformular bonecas, em meio a recursos limitados.
“Cada vez mais, o público busca produtos exclusivos, como os bebês reborn. Com diversos players no mercado, sobretudo por conta da internet que potencializou novos entrantes no comércio varejista, é muito mais fácil para o consumidor final ter acesso à informação e comparar as lojas e produtos. Dessa forma, qualquer detalhe que torna o item ou loja diferentes dos demais é um ‘plus’”, afirma.
Segundo pesquisa realizada pela WGSN (Worth Global Style Network), empresa global de previsão de tendências com sede em Nova York, em parceria com o Google Trends, os consumidores buscam cada vez mais produtos personalizados na internet.
Sato afirma que, independentemente do perfil do cliente – que vai de pais que buscam presentear os filhos, ou mesmo adultos que compram o objeto para si mesmos -, a cada dia cresce a necessidade de personalização das bonecas reborn.
“O consumidor está em busca de um bebê único, com aspectos físicos, cabelos e traços singulares, e recorre a um produto artesanal, como um boneco reborn, porque este entrega cada um desses objetivos. Este é o diferencial do trabalho artesanal: ir na contramão dos produtos fabricados em uma linha de montagem industrial, largamente distribuídos em redes de varejo” conclui.
Para mais informações, basta acessar: https://www.unidoll.com.br/
COMENTÁRIOS
Seja o primeiro a comentar!